sábado, 29 de outubro de 2016

Proposta de Plano de Aula de Língua Inglesa

 Literatura em Sala de Aula

Elaborado por: Ariane Fermino, Jessika Primo e Polianna Sato


Objetivo: Atividade com o poema “This is a Photograph of Me” de Margaret Atwood, tendo como objetivo a análise sintática através da leitura de uma obra literária, além da compreensão da própria narrativa através do uso dos tempos verbais que envolvem esse gênero. O poema será trabalhado impresso e também através de vídeo para prática de “listening” e “reading”.
Escolaridade: 3º ano do Ensino Médio
Duração: 1 aula (50 minutos)
Procedimento: Nos primeiros 10 minutos de aula trabalharemos o vídeo “This is a Photograph of Me” que contém o poema de Margaret Atwood declamado e legendado, com imagens que ajudam na interpretação do mesmo. O vídeo auxiliará o “listening” e tem duração de 1 minuto e meio (será passado duas vezes). Os alunos serão instigados pelo professor a discutir sobre: O que vocês conseguiram entender? Vocês conseguem perceber se a pessoa do vídeo está narrando, descrevendo ou explicando alguma coisa? Em que pessoa está acontecendo a narrativa? O que as imagens mostram? Elas te ajudaram a entender o que está acontecendo no vídeo?
Nos próximos 15 minutos de aula pedir aos alunos para lerem o poema com atenção, observando e analisando os verbos. Instigar a discussão com os alunos: Qual o tempo verbal que geralmente marca uma narrativa? Quais os verbos no passado vocês conseguem encontrar no poema? Como vocês conseguiram identificá-los? São verbos regulares ou irregulares? Quais seus significados? Qual outro tempo verbal que marca o final do poema? Porque vocês acham que isso acontece?
Nos próximos 10 minutos de aula apresentar aos alunos que se trata de uma poesia contemporânea da canadense Margaret Atwood (1939-).  Que seus poemas se caracterizam pelo seu tom lacônico por meio dos quais, com incrível sangue frio, a poeta trata muitas vezes de temas arrepiantes. O poema simbólico “This Is a Photograph of Me” revela um mundo alternativo, abaixo da superfície.
O poema, escrito em versos brancos, estilo direto, desafiando as regras de pontuação, nos mostra uma perspectiva diferente do ser no momento do cruzamento entre a vida e a morte.
Nos 15 minutos finais da aula fazer a leitura, que auxiliará o “reading” e tradução do poema junto aos alunos, trabalhando pronúncia e vocabulário, além de abrir espaço para comentários, dúvidas e discussões.

Materiais para a Aula

Poema: This Is a Photograph of Me

It was taken some time ago.
At first it seems to be
a smeared
print: blurred lines and grey flecks
blended with the paper;

then, as you scan
it, you see in the left-hand corner
a thing that is like a branch: part of a tree
(balsam or spruce) emerging
and, to the right, halfway up
what ought to be a gentle
slope, a small frame house.

In the background there is a lake,
and beyond that, some low hills.

(The photograph was taken
the day after I drowned.

I am in the lake, in the center
of the picture, just under the surface.

It is difficult to say where
precisely, or to say
how large or small I am:
the effect of water
on light is a distortion

but if you look long enough,
eventually
you will be able to see me.)





De Grande Importância - Dados do Autor e Análise Crítica Inicial ao Poema

Margaret Atwood tem vasto currículo de romancista, contista, poeta, crítica literária, professora, ativista de causas ambientais e humanitárias, além de ganhadora do Pen Pinter Prize, prêmio concedido anualmente desde 2009 em homenagem ao Nobel Harold Pinter a autores que abordam temas considerados relevantes para a sociedade. Além de abordar inúmeros temas, existe em sua produção um diálogo constante com as formas de representatividade e o lugar de fala da mulher, assim como a luta pelos seus direitos. Em muitas de suas obras fica evidente como a autora questiona a opressão vivida pelas mulheres. As personagens de Atwood são conhecidas pelos grandes sofrimentos que enfrentam. Mas isso não significa que elas sejam passivas, em geral, as mulheres dos livros triunfam sobre a dor.  Isso mostra como a linguagem é uma ferramenta indispensável nessa luta por nos fazer conscientes a respeito dos mecanismos manipulatórios em que determinados regimes são baseados.
No poema “This is a Photograph of Me” o orador descreve inicialmente a paisagem da superfície, os borrões sugerem que a imagem possa ser antiga. A descrição vai aproximando o leitor de uma bela paisagem que evidencia a fauna em meio a planícies e uma casa entre colinas suaves, com um lago em plano de fundo. A segunda parte separa-se em parênteses com a surpreendente revelação, informando que a fotografia foi tirada um dia após sua morte (em 1º pessoa), trazendo o lago para o centro da foto e imergindo o leitor para o que ocorre logo abaixo da superfície. Ao passo que o leitor se concentra ao que acontece no lago, tentando submergir na imagem, ainda com dificuldade devido ao efeito da água na luz, passa a presenciar a morte, através de uma sonoridade sem rimas proporcionando um tom mais realista.
A primeira parte faz alusão às mulheres que em sua condição passada tinha seu papel ofuscado na história, e a casa ao fundo contribui para reforçar este contexto, sendo as únicas funções (do lar) destinadas para a mulher na sociedade patriarcal. Na segunda parte, algo de ruim acontece em meio à bela paisagem, o lago que contribui para a formosura da imagem representa a força masculina silenciando a voz feminina e limitando a sua busca pelos direitos de igualdade entre os sexos. A dificuldade da voz submersa (supostamente feminina) de ser ouvida é o efeito devido a sua condição na sociedade. Ao final do poema o leitor é convidado a atentar-se ao que acontece na cena, em meio a sua beleza pode se ver com atenção que algo ruim acontece, algo doloroso. Nota-se o sentimento de repressão ao ser empurrada para baixo, e que está sempre na imagem mesmo não sendo percebido inicialmente, sendo o papel das mulheres numa sociedade predominantemente masculina.



quinta-feira, 12 de maio de 2016

Projeto Aula de Inglês - Base no Letramento Crítico - Tema Bullying





Projeto Aula de Inglês – Letramento Crítico

(Atividade Prática Supervisionada)


Criado por  Ariane Fermino (RA: B775300) e Jessika Primo (RA: B7521G2)

Solicitado pela Professora Palma Rigolon para a matéria de Prática de Ensino de Língua Inglesa.

Objetivo: A atividade tem como objetivo trabalhar através do “prediction” a interpretação de texto e discurso dos alunos através dos gêneros “letra de música” e “vídeo”. O objetivo é de que os alunos possam compreender a relação do tema entre essas duas ferramentas, além da prática de “listening” e “reading”. A música e o vídeo têm como o tema o bullying praticado em colégios e cada um deles mostram diferentes possibilidades de reação a esse tipo de violência.

Escolaridade: 3º ano do Ensino Médio
Duração: 2 aulas (50 minutos cada)

Procedimento: Na primeira aula trabalharemos a música Who's Laughing Now? - Jessie J” que aborda o tema “bullying” sofrido e superado pela cantora em sua infância. A sala será dividida em quatro grupos e entre eles dividiremos as estrofes da música para que cada grupo trabalhe inicialmente o ‘reading’, o vocabulário e entendimento, ao final da aula os grupos vão expor a compreensão de suas estrofes para que toda a turma possa chegar ao um consenso da ideia principal da música. Nessa aula, os alunos serão instigados a discutir sobre o tema: O que sabem sobre bullying? Já abordaram o assunto na escola? Os pais costumam conversar sobre o assunto? Se eles conhecem outros artistas que sofreram e superaram bullying?

Na segunda aula trabalharemos com toda a turma através do vídeo “Daniel, bullying!!! - O SMS que levou Daniel a cometer suicídio”. Inicialmente iremos explorar o ‘listening’ dos alunos, pedir para que eles vão anotando as informações que conseguirem compreender durante o vídeo sem legenda (repetir o vídeo sem legenda ao menos duas vezes – o vídeo tem duração de no máximo 7 minutos), após, questioná-los em relação ao entendimento que eles obtiveram. No final da aula exibiremos novamente o vídeo com legenda para que eles possam ter uma compreensão total da situação exposta no vídeo. Após isso, pedir à classe que estabeleça uma relação entre o vídeo e a letra de música trabalhada na aula passada (É a mesma situação? Qual a diferença entre ambos?). Instigar a discussão com os alunos: Vocês conhecem alguém que pratica ou já praticou bullying? Ou alguém que já sofreu ou sofre essa situação? Já souberam de outros casos com um triste fim? Vocês já viram isso acontecendo? Vocês já interferiram em uma situação assim? O que acham que é possível fazer para ajudar? O que pode ser feito?

 Espera-se que através de todo esse projeto os alunos possam compreender essa relação entre a música e o vídeo, pratiquem a leitura e o ouvir em inglês, além da reflexão através do letramento critico de um tema presente na vida escolar.


Gênero 1 – Música
Who's Laughing Now?
Jessie J
 
Mummy they call me names
They wouldn't let me play
I'd run home, sit and cry almost everyday
"Hey Jessica, you look like an alien
With green skin you don't fit in this playpen"
Well they pull my hair
They took away my chair
I keep it in and pretend that I didn't care
"Hey Jessica, you're so funny
You've got teeth just like Bugs bunny"

Oh, so you think you know me now
Have you forgotten how
You would make me feel
When you drag my spirit down
But thank you for the pain
It made me raise my game
And I'm still rising, I'm still rising
Yeah

So make your jokes
Go for broke
Blow your smoke
You're not alone
But who's laughing now
But who's laughing now
So raise the bar
Hit me hard
Play your cards
Be a star
But who's laughing now
But who's laughing now

Cos I'm in L.A
You think I've made my fame
If it makes us friends
When you only really know my name
"Oh Jessie, we knew you could make it
I've got a track and I'd love you to take it"
So now because I'm signed
You think my pockets lined
4 years now and I'm still waiting in the line
"Oh Jessie, I saw you on youtube
I tagged old photos from when we was at school"

Oh, so you think you know me now
Have you forgotten how
You would make me feel
When you drag my spirit down
But thank you for the pain
It made me raise my game
And I'm still rising, I'm still rising
Yeah!

So make your jokes
Go for broke
Blow your smoke
You're not alone
But who's laughing now
But who's laughing now
So raise the bar
Hit me hard
Play your cards
Be a star
But who's laughing now
But who's laughing now

Jessie!
She broke out of the box
Swallowed your pride
You got that ego cough
Let the haters hate
You're like way too late
See I got a message from you
"Hola, I'm proud of you"
"Oh my god babe your voice is like wow!"
My reply: Who's laughing now

Oh, so you think you know me now
Have you forgotten how
You would make me feel
When you drag my spirit down
But thank you for the pain
It made me raise my game
And I'm still rising, I'm still rising
Yeah!


Gênero 2 – Vídeo
(sem legenda)


(com legenda)


segunda-feira, 26 de outubro de 2015


Análise Comparativa de trechos de Obras
(Atividade Prática Supervisionada)

Texto escrito por: Ariane Fermino e Silva - RA B77530-0

Esta pesquisa tem como objetivo a observação de forma atenta, reflexiva e curiosa nos trechos das narrativas “Memórias de um Sargento de Milícias” obra de Manuel Antônio de Almeida escrita em 1854 ao final do romantismo brasileiro e em “Memórias póstumas de Brás Cubas” obra de Machado de Assis escrito em 1881, sendo este, o marco inicial do realismo no Brasil, com a finalidade de extrair fragmentos que expliquem seu foco narrativo, a relação do narrador com o leitor, os sentimentos do narrador pelo personagem focado, os pensamentos ou reflexões desse personagem e a construção critica do narrador em relação a estes personagens e à sociedade.

Em “Memórias de um Sargento de Milícias” é possível observar um foco narrativo em 3ª pessoa, sem nenhum envolvimento pessoal com os personagens ou o ouvir de seus pensamentos, porém a narrativa de uma história que parece ser bem conhecida por ele, com alguns pontos de observação pessoal, mas com o objetivo maior de apenas “contar os fatos”, acompanhar a historia, como mostrado nos primeiros parágrafos em que ele orienta seus leitores em que tempo (quando?), onde se passa a história (onde?) e o tema (sobre o que?) em descrições especificas e detalhadas:
“Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo – O canto dos meirinhos -; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciaria que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. (...)”.

Já em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o foco narrativo encontrado foi narrador-personagem (1ª pessoa), com grandes interferências deste narrador sobre si próprio, apontando seus pontos positivos e negativos, ora se engrandecendo, ora se desvalorizando e criticando a si mesmo em muitos momentos:
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memorias pelo principio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. (...)”.

As relações entre narrador e leitor são distintas entre as duas obras, sendo na de Manuel Antonio Bandeira de grande intimidade e camaradagem, como um pacto de amizade ao seu leitor: “Mas voltemos à esquina (...)” como se chamasse o leitor a ir contigo nas lembranças da historia que está a conta; já na de Machado de Assis o narrador tem uma postura nada intima com seu leitor, por vezes até arrogante, como a criar uma literatura para poucos e selecionados entendedores sem se importar em agradar ou não: “(...) A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.”.

Em “Memórias de um Sargento de Milícias” é possível observar um sentimento de total desrespeito entre o narrador e o personagem principal do livro, que é bem expresso através de humor extremo e exagerado, com foco em suas caricaturas exteriores (estereótipos) sem se importar em expor os pensamento e reflexões deste personagem:
“(...) Entre os termos que formavam essa equação meirinhal pregada na esquina havia uma quantidade constante, era o Leonardo Pataca. Chamavam assim a uma rotunda e gordíssima personagem de cabelos brancos e carão avermelhado, que era o decano da corporação, o mais antigo dos meirinhos que viviam nesse tempo. A velhice tinha-o tornado moleirão e pachorrento; com sua vagareza atrasava o negocio das partes; não o procuravam; e por isso jamais saía da esquina; passava ali os dias sentados na sua cadeira, com as pernas estendidas e o queixo apoiado sobre uma grossa bengala, que depois dos cinquenta era a sua infalível companhia”.

Já em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, apesar de retratar a si próprio, o narrador-personagem Brás Cubas em alguns momentos deixa-se gabar por sua cultura e posição superior, que provavelmente não será acompanhada por seu leitor, como também não deixa de usar certo humor sutil em revelar seus fracassos e tristezas da vida, nos expondo seus pensamentos e reflexões a todo o momento:
“Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante (...)”.

Apesar dos trechos extraídos das obras serem curtos, a crítica já é bem explorada em ambas, no caso da obra “Memórias de um Sargento de Milícias”, temos uma critica as diferentes classes e valorização das categorias sociais (de prestígio ou não): 
“Mas tinham ainda outra influência, que é justamente a que falta aos de hoje: era a influência que derivava de suas condições físicas. Os meirinhos de hoje são homens como quaisquer outros; nada tem de imponentes, nem no seu semblante nem no seu trajar, confundem-se com qualquer procurador, escrevente de cartório ou continuo de repartição. Os meirinhos desse belo tempo não, não se confundiam com ninguém; eram originais, eram tipos, nos seus semblantes transluzia um certo ar de majestade forense, seus olhares calculados e sagazes significavam chicana. Trajavam sisuda casaca preta, calção e meias da mesma cor, sapato afivelado, ao lado esquerdo aristocrático espadim, e na ilharga direita penduravam um circulo branco, cuja significação ignoramos, e coroavam tudo isto por um grave chapéu armado. Colocado sob a importância vantajosa dessas condições, o meirinho usava e abusava de sua posição. (...)”

Na obra Machadiana já observaremos um prato cheio de criticas, entre uma delas, aos romancistas e sua massa de leitores “burgueses”:
“Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte, e quando muito, dez...Dez? Talvez cinco. (...)”
Ou mesmo ao próprio personagem, mesquinho e arrogante, que se achava melhor que qualquer outro, que apesar de rico e bonito, não conquistara nada e nem coisa nenhuma durante a vida:
“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memorias Póstumas”.


Em conclusão, é de grande relevância ressaltar, que este tipo de reflexão apresentou resultados interessantíssimos que podem ser abordados em sala de aula durante o ensino de Literatura, a fim de proporcionar aos alunos um olhar crítico em cima das obras clássicas, transformando-as mais do que simples histórias para leitura e sim, grande material de estudo e exploração.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA E SEMIÓTICA



ANÁLISE DE CAPA DE REVISTA

BASEADO NO LIVRO “TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM SEMIÓTICA VISUAL” - Flaviane Faria Carvalho


   A produção de signos e a utilização de recursos semióticos está estritamente vinculada aos meios de comunicação e representação. De fato, signos são os materiais através dos quais as mensagens são constituídas, porém os significados não se restringe apenas ao modo semiótico linguístico, mas também a outros modos semióticos, como é o caso do modo semiótico visual. Os estudos comprovam que o significado também reside com a mesma importância em outros códigos semióticos além do verbal; nesse sentido, os significados só podem ser apreendidos em sua totalidade por meio da análise de todos os recursos semióticos em questão. Daí a inauguração da Semiótica Social da Comunicação Visual, uma visão "multimodal" dos textos e sistemas de significados sociais que busca abarcar o processo comunicacional como um todo - incluindo as complexas inter-relações entre textos e contextos, agentes e objetos de significado, forças e estruturas sociais.
  Nesses termos, os estudos em multimodalidade visam investigar os principais modos de representação em função dos quais um determinado texto é produzido e realizado, bem como compreender o potencial de origem histórica e cultural utilizado para produzir o significado de qualquer modo semiótico.
   

   Com base nos estudos e exemplos apresentados no decorrer do livro, fora proposto uma atividade de estudos da semiótica visual através da publicidade. Escolhemos para análise uma das capas da revista VEJA publicada em 2013.
    A Veja é uma revista brasileira, respeitada pela maioria, polêmica, formadora de opinião, publicada pela Editora Abril. Criada em 1968 pelos jornalistas Roberto Civita e Mino Carta, a revista trata de temas variados de abrangência nacional e global. Entre os temas tratados com frequência estão questões políticas, econômicas, e culturais. 



     Na imagem uma pessoa humana, mulher (o participante como representação está sozinho - individualização), representando o simbolo da justiça, onde podemos concluir esta dedução por estar de olhos vendados (simbolo que representa a imparcialidade), vestimenta branca (representação da pureza, leveza e neutralização), estar em uma das mão com uma espada (simbolo da força de que dispõe para impor o direito) e na outra uma balança (que representa a ponderação dos interesses das partes em litigio). Essas simbologias nas mãos encontram-se amarradas, numa posição de "indefesa", "presa", "sem ter o que fazer", junto a uma estrela vermelha que é a representação, neste caso, do Partido Político do PT (a estrela vermelha é tema deste).
     A capa da revista Veja proposta acima mostra a justiça de mãos atadas diante da manipulação das informações do atual governo, que tem seus principais líderes acusados de envolvimento no escândalo do mensalão.
Uma das primeiras preposições básicas é a de que os significados referentes a distância social estão relacionados com o enquadramento da imagem. A capa apresenta um "Plano Aberto (geral), em que o participante representado é mostrado de corpo inteiro, o que remete a uma interação impessoal e um distanciamento com o espectador (mundos distintos), como se a justiça, mesmo apresentada nessas condições, fosse distante deste.
O ângulo da imagem é de "ângulo frontal", onde o participante representado e o fotografo coincidem entre os planos, ou seja, encontram-se no nível do olhar do espectador, não ha diferenças de poder entre ambos e estimula os leitores a envolverem-se com o fato reportado, mas também não estabelece contato visual com o expectador, tanto porque a representação da justiça é "vendada", quanto pelo posicionamento de sua cabeça, como uma representação de submissão.
O fundo preto demonstra a seriedade do assunto, e os contrastes apresentados pelas letras em cor neutra branca, representando a calma, distancia, frio, e as letras em cor quente como o amarelo, associado ao calor, energia, saliência, podem estar associados ainda aos contrastes "longe/próximo", "leve/pesado", etc. Na escala de temperatura, observa-se esta aplicação de contraste da tonalidade (quente: amarelo / neutro:branco), sugerindo assim certo equilíbrio dinâmico, a partir das quais são enquadrados pontos de tensão e relaxamento na capa. Em se tratando do peso visual da tipografia empregada, o uso do branco parece, em termos positivos, transmitir a sensação de equilíbrio ou neutralização entre a cor e o que esta escrito.
Em conclusão, apesar do assunto ser polêmico e de denuncia, a impressão que temos é que a revista tenta causar um grande impacto com a imagem, mas tenta manter um certo contraste (amenizar/neutralizar) através das cores ao abordar o assunto no texto apresentado.





sexta-feira, 15 de maio de 2015


PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTIFICA

A LINGUAGEM E O GÊNERO DOS PROTESTOS


Projeto realizado em 2014 pela aluna Ariane Fermino e Silva com orientação do Prof. Hélcius Batista Pereira e financiado pelo Banco Santander em parceria com a Universidade Paulista UNIP.


Resumo: Este projeto tem como objetivo analisar as linguagens utilizadas nos protestos e manifestações que ocuparam o país com palavras e ideias neste ano de 2013 e espero encontrar uma linguagem que não se curva a norma culta, que o que se vê nas situações de espontaneidade é a “língua viva”, com a sua gramática, que nem sempre coincide com esta denominada “de prestigio”, uma linguagem formada por jargões e fórmulas que se repetem e / ou uma linguagem que faz uso de figuras estilísticas que ora se aproxima da poesia e da propaganda (slogans), uma linguagem que define uma geração e uma época e quais variações linguísticas envolvidas conseguiremos definir e/ou deduzir através da realização destes cartazes.
Introdução:
Este projeto tem como objetivo pesquisar e trabalhar as linguagens dos protestos e manifestações que ocuparam o país com palavras e ideias neste ano de 2013 em sala de aula com uma análise linguística e discursiva mais do que por qualquer outro traço com o objetivo de observar que o que se vê nas situações de espontaneidade é a “língua viva”, com a sua gramática, que nem sempre coincide com a norma culta (de prestigio), além da importância de oferecer ao aluno a capacidade de distinguir e escolher os diferentes usos da língua em determinados momentos, avaliar o gênero e suas composições.
Nosso ponto de partido foi a análise feita em revista especializada em língua portuguesa publicada à época dos protestos populares no ano de 2013. Assim Murano (2013), Godoi (2013) e Possenti (2013) sugeriram análises dos cartazes, faixas e gritos de guerra dos manifestantes que tomaram as ruas do país naquele momento.
Como analisaremos um gênero, buscamos apoio teórico em Schneuwly (2004). Como nosso olhar se atentará para as questões da variabilidade da língua, também nos apoiaremos em Camacho (1988). Todos esses autores apresentam os seus objetos de estudo em perspectiva que pretende colaborar para a criação de propostas de ensino-aprendizagem de língua portuguesa. Também compartilhamos desse objetivo como veremos, o que justifica a escolha desses trabalhos como suporte teórico.
A metodologia que propomos passará pela constituição de corpus de análise com os textos dos cartazes de protesto. Em um primeiro esforço feito antes da finalização do presente projeto, recolhemos inicialmente cerca de 50 frases encontradas e registradas nos protestos a partir de Junho 2013 e disponíveis na internet através de redes sociais, reportagens e tiradas pelos próprios manifestantes. Nossa proposta é realizar um trabalho que analise o texto em sua multiplicidade, a começar pelos conteúdos que expressam, configurando análises semânticas e pragmática-discursivas, análise do estilo da linguagem e de sua expressividade, e, finalmente, avaliação de aspectos morfossintáticos e lexicais que apontem para a variabilidade da língua portuguesa no gênero que ora enfocamos.
Objeto de Estudo:
As manifestações e protestos que vem acontecendo desde Junho de 2013 mostram-nos as linguagens de protestos no Brasil cada vez mais criativas, provocantes e eficazes na divulgação de suas reivindicações, gravando seu nome na história da contracomunicação brasileira e desafiando a mídia tradicional por meio de mensagens que contrariam o establishment.
Segundo Murano (2013), cartazes, faixas, slogans, grito de guerra pichações entre outros recursos de contracomunicação, buscaram desestabilizar o discurso institucional e as respostas pré-fabricadas por assessores políticos, fazendo com que cada palavra dos manifestantes só tivesse a razão de ser como réplica a um contexto definido de antemão, valendo-se da sátira e da paródia para referenciar aquilo a que respondiam, ou seja, a eficácia do discurso do cartaz reside precisamente nesse poder de evocação de discursos anteriormente enunciados. E não somente isso, reside nessa inversão o principal artifício retórico dos protestos que seria o próprio ativista, com suas roupas, palavras de ordem e gestual típico de manifestações, é uma tela onde projeta sua mensagem, assim como os “caras-pintadas” que foi o nome pelo qual ficou conhecido o movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer do ano de 1992 que teve, como objetivo principal, o impeachment do presidente do Brasil na época, Fernando Collor de Melo, este nome “caras-pintadas” referiu-se à principal forma de expressão e símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto dos manifestantes. 
Já Godoi (2013) nos mostra um olhar atento sobre as irreverências nos cartazes com suas variações regionais apresentadas como que uma espécie de campeonato nacional semântico do manifesto e as diferentes motivações de cada um no ato de manifestar que não somente o movimento passe livre iniciado, das paródias aos regionalismos, um panorama das palavras e expressões empunhadas Brasil afora.
Possenti (2013) analisou cartazes que incorporaremos em nosso corpus apontando para a sua potencialidade no uso didático. Textos curtos, como os dos cartazes, em aulas de português, seriam ótimos testes para explorar as teorias de leitura e para a efetivação de leituras com análise mais explícita e que não sendo mera identificação de “conteúdo” (do tipo “quem fez?”; “de que músicas ela gosta?”) e as manifestações de rua têm oferecido interessantes materiais.
O presente trabalho tomará os cartazes como objeto de estudo e procurará analisá-los em sua diversidade e riqueza, procurando medir as reais possibilidades que este tipo de material oferece a docentes e alunos no processo de ensino-aprendizagem.
Objetivo:
O objetivo geral da pesquisa que propomos é fazer uma descrição dos cartazes como objeto complexo da língua, expressão da heterogeneidade da língua, e, por fim, apreender toda a sua potencialidade como objeto mediador de propostas de ensino-aprendizagem de língua materna.
Como objetivos específicos, podemos mencionar que visaremos:
1. A descrição dos cartazes do ponto de vista semântico, pragmático e discursivo. Que conteúdos trazem? Que estratégias textuais e discursivas se utilizam para veicular suas mensagens “subversivas” e de protesto.
2. A descrição dos cartazes evidenciando a variabilidade morfossintática da língua portuguesa. Qual a configuração da norma gramatical dos protestos? E que medidas essa norma se distancia ou se aproxima da chamada “norma-padrão”?
3. A proposição de atividades de ensino-aprendizado a partir dos cartazes. Como em sala de aula é possível explorar esse gênero como objeto de desenvolvimento da maestria dos objetos linguísticos e, portanto, de ampliação da “competência comunicativa” dos alunos?
Justificativa:
            A língua portuguesa do Brasil é marcada por sua grande heterogeneidade e variabilidade (CAMACHO, 1988). A busca de materiais que permitam explorar esses aspectos é fundamental e urgente. A escola não pode no mundo atual se furtar a aproveitar a multiplicidade e diversidade de materiais com os quais seus alunos lidam. Se não estiver atenda ao fato de que a língua é objeto complexo, que vai muito além da imposição de um padrão de norma oferecido como fórmula única de uso da língua, estará perdendo a oportunidade de, de fato, colaborar para ampliação da competência comunicativa de seus alunos.
            O ensino através dos gêneros discursivos é mecanismo bastante apropriado para tratar a língua em sua multiplicidade (SCHNEUWLY, 2004). Por meio de atividades didáticas que coloquem os alunos não somente com os aspectos técnicos do texto, mas também explorando sua função de instrumento simbólico através do qual as interações sociais se constituem, a escola tem a oportunidade de oferecer ao aluno matéria que permita seu crescimento acadêmico e pessoal.
            Os cartazes de protestos têm nesse sentido um enorme potencial didático. Escritos por jovens, devem conter uma norma gramatical carregada de usos que ora se distanciam ora se aproximam da “norma-padrão”. A partir desse material, os alunos podem refletir sobre as normas por trás dos usos linguísticos, dando-lhes consciência sobre as escolhas linguísticas mais adequadas em cada contexto de uso. Refletindo sobre as questões sociais, políticas e econômicas, podem ser o ponto de partida para discussões de como a língua constrói discursos, carregados de ideologias e “verdades”, matéria para desenvolver a capacidade crítica de alunos, em suas atividades de leitura crítica.
Metodologia:
Para a pesquisa que aqui propomos, constituiremos um corpus de análise com frases de cartazes que circularam nos protestos recentes que marcaram a História do Brasil. Esse corpus já está previamente formado inicialmente com cerca de 50 diferentes cartazes retirados em sites e redes sociais e, analisados por Possenti (2013). Outros cartazes que recolheremos ao aprofundar nossa pesquisa ampliaram este material de análise, caso seja necessário.
Cada cartaz passará por análise nos seguintes níveis, seguindo a proposta de Schneuwly (2004):
  1. Análise do seu conteúdo: identificação de estratégias semânticas, pragmáticas e discursivas utilizadas pelos autores para “vender” suas ideias e ideologias.
  2. Análise do estilo da linguagem: a questão da formalidade, o uso de figuras de linguagem e ferramentas estilísticas.
  3. Análise da composição linguística: as escolhas lexicais e morfossintáticas feitas por seus autores na produção textual dos cartazes. Essas escolhas serão observadas com perspectiva variacionista, e poderão ser quando necessárias contratadas à norma-padrão.
A partir dos aspectos analisados, conforme descrevemos anteriormente, realizaremos como última parte de nossa pesquisa, a proposição de atividades de ensino-aprendizagem que tomem o gênero cartazes de protesto como objetos didáticos, em uma visão dialógica e sócio-interacionista, conforme proposta de Schneuwly (2004).
Fundamentação teórica:
Nossa base teórica fará a avaliação e definição de gêneros segundo os estudos de Schneuwly (2004), para que possamos entender como funciona as escolhas linguísticas e discursivas em determinadas situações e o quanto elas falam por si só.  Este autor, seguindo a tradição bakhtiniana, sustenta que cada esfera de troca social elabora tipos relativamente estáveis de enunciado, sendo estes os gêneros, logo três elementos o caracterizam: conteúdo temático – estilo – construção composicional e que a escolha de um gênero se determina pela esfera, as necessidades da temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou intenção do locutor.
A caracterização do primeiro elemento é a escolha de um gênero em função de uma situação definida por um certo número de parâmetros: finalidade, destinatários, conteúdo, dito de outra maneira, existe primeiramente a elaboração de uma base de orientação para uma ação discursiva. Assim então, na segunda caracterização, essa base chega à escolha de um gênero num conjunto de possíveis, no interior de uma esfera de troca dada, num lugar social que define um conjunto possível de gêneros. A construção composicional se dá pelo fato de que os gêneros, apesar de serem “mutáveis, flexíveis”, eles tem uma certa estabilidade que definem o que é dizível, tendo uma composição: tipo de estruturação e acabamento e tipo de relação com os outros participantes da troca verbal, sendo então a estrutura definida por sua função. Gramática e léxico, por um lado, e estilística, por outro, separam-se essencialmente pelo ponto de vista que os define: língua de um lado, gênero de outro. Esse plano comunicacional será caracterizado por um estilo, que deve ser considerado não como um efeito da individualidade do locutor, mas como elemento de um gênero.
Já Camacho (1988) nos explica que a linguagem humana varia de acordo com o grau de contato entre os seres que constituem a comunidade universal, e que as diferenças de um idioma, que caracterizam ou mesmo identificam os nativos de uma nação, estão longe de ser o único e mesmo principal fator da diversidade linguística. Uma língua é um objeto histórico, enquanto saber transmitido estando, portanto, sujeita ás eventualidades próprias de tal tipo de objeto. Isso significa que se transforma no tempo e se diversifica no espaço. Um outro exemplo: sem sair das fronteiras políticas brasileiras, é possível também identificar um nordestino e distingui-lo de um paulista pelo seu modo característico de falar.
Os fatores desta diversidade linguística não ficam assim limitados aos aspectos temporal e espacial. Podemos identificar e distinguir dois falantes de uma mesma comunidade linguística, geograficamente falando, por suas características decorrentes de diferentes níveis culturais, ou seja, havendo diferenças no modo de se expressar entre um indivíduo iletrado a um outro com nível cultural mediano ou altamente cultivado e mais, um sujeito que se dirige a um dos membros da família, em nenhuma hipótese usará as mesmas formas de outra situação em que se encontre perante um superior hierárquico, ou seja, ele sabe fazer as melhores escolhas dependendo de sua situação de uso / contexto.
Em resumo, Camacho (1988) define que no seio de um mesmo instrumento de comunicação existem quatro modalidades especificas de variação linguística: histórica ou diacrônica, geográfica ou espacial, social e estilística.
Resultados esperados: 
Com a pesquisa e realização deste projeto, espero encontrar uma linguagem que não se curva a norma culta, uma linguagem formada por jargões e fórmulas que se repetem e / ou uma linguagem que faz uso de figuras estilísticas que ora se aproxima da poesia e da propaganda (slogans), uma linguagem que define uma geração e uma época e quais variações linguísticas envolvidas conseguiremos definir e/ou deduzir através da realização destes cartazes.
Também esperamos evidenciar que tais materiais discursivos podem ser amplamente utilizados em sala de aula, de modo que a escola possa cumprir com eficiência seu objetivo maior no ensino de língua materna: a ampliação da competência comunicativa de seus alunos.
Referências Bibliográficas:
CAMACHO, Roberto G. – “A variação linguística”, in subsídios à proposta curricular de língua portuguesa para o 1º e 2º graus. Secretaria de estado da educação - São Paulo, SP. CENP, 1988.
GODOI, Marcílio – “A irreverência que dá cartaz”, in revista língua portuguesa, Ano 8 nº 94, Agosto de 2013 – Ed. Segmento – São Paulo, SP.
MURANO, Edgard – “A linguagem dos protestos”, in revista língua portuguesa, Ano 8 nº 94, Agosto de 2013 – Ed. Segmento – São Paulo, SP.
POSSENTI, Sirio – “Leitura das ruas”, in revista língua portuguesa, Ano 8 nº 94, Agosto de 2013 – Ed. Segmento – São Paulo, SP.
SCHNEUWLY, Bernard – “Gêneros e tipos de discurso: considerações psicológicas e ontogenéticas”, in gêneros orais e escritos na escola / tradução e organização Roxane Rojo e Glais Sales Cordeiro – Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004- (as faces da linguística aplicada).

quarta-feira, 13 de maio de 2015

POEMA EPÍLOGOS DE GREGÓRIO DE MATOS




Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio
Quem causa tal perdição?.............Ambição
E o maior desta loucura?...............Usura.
Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.
Quais são os seus doces objetos?....Pretos
Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos.
Dou ao demo os insensatos,
dou ao demo a gente asnal,
que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.
Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos
Quem faz as farinhas tardas?.........Guardas
Quem as tem nos aposentos?.........Sargentos.
Os círios lá vêm aos centos,
e a terra fica esfaimando,
porque os vão atravessando
Meirinhos, Guardas, Sargentos.
E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.
Que vai pela clerezia?..................Simonia
E pelos membros da Igreja?..........Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.
Sazonada caramunha!
enfim que na Santa Sé
o que se pratica, é
Simonia, Inveja, Unha.
E nos frades há manqueiras?.........Freiras
Em que ocupam os serões?............Sermões
Não se ocupam em disputas?.........Putas.
Com palavras dissolutas
me concluís na verdade,
que as lidas todas de um Frade
são Freiras, Sermões, e Putas.
O açúcar já se acabou?..................Baixou
E o dinheiro se extinguiu?.............Subiu
Logo já convalesceu?.....................Morreu.
À Bahia aconteceu
o que a um doente acontece,
cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu, e Morreu.
A Câmara não acode?...................Não pode
Pois não tem todo o poder?...........Não quer
É que o governo a convence?........Não vence.
Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence.








Considerações Finais:


O objetivo principal deste trabalho foi analisar o poema “Epílogos” do seiscentista Gregório de Matos, bem como o contexto e os aspectos ideológicos da época e sua intertextualidade com os versos escolhidos do mesmo poema pelo rapper Rappin Hood, a pesquisa nos propiciou entender em que se aplica ao contexto atual levando em consideração o grande espaço de tempo que os separam. Esta obra de Gregório de Matos é reconhecida como um projeto literário que além de ter iniciado uma tradição entre nós, superou os limites do próprio Barroco, e porque não dizer que em pleno século XVII, o poeta poderia ser um dos precursores da poesia moderna do século XX?


Importante enfatizar como este tipo de análise pode contribuir e ser aplicada em atividades de ensino-aprendizagem na sala de aula mostrando a importância da literatura no processo de desenvolvimento do aluno. Ressaltamos que é preciso buscar melhor fundamentação teórica na parte pedagógica para melhor se aproveitar o conhecimento a fim de transmitir ao aluno, não somente esta obra de Gregório em especifico, mas praticar a reflexão em diferentes obras literárias.



Referências Bibliográficas:



Hansen, João Adolfo - Malhado ou malhadiço, a escravidão na sátira barroca, in departamento de Letras Clássicas e Vernáculas - FFLCH/USP, R. História, São Paulo. 120, p. 163-181, jan/jul. 1989.



Pólvora, Hélio - Para conhecer melhor Gregório de Matos, in Bloch editores SA, 1ª edição. Rio de Janeiro/RJ. 1974.

Spina, Segismundo – A poesia de Gregório de Matos – in EdUSP, São Paulo/SP. 1995.