segunda-feira, 25 de maio de 2015

ANÁLISE DO DISCURSO CRÍTICA E SEMIÓTICA



ANÁLISE DE CAPA DE REVISTA

BASEADO NO LIVRO “TEMAS CONTEMPORÂNEOS EM SEMIÓTICA VISUAL” - Flaviane Faria Carvalho


   A produção de signos e a utilização de recursos semióticos está estritamente vinculada aos meios de comunicação e representação. De fato, signos são os materiais através dos quais as mensagens são constituídas, porém os significados não se restringe apenas ao modo semiótico linguístico, mas também a outros modos semióticos, como é o caso do modo semiótico visual. Os estudos comprovam que o significado também reside com a mesma importância em outros códigos semióticos além do verbal; nesse sentido, os significados só podem ser apreendidos em sua totalidade por meio da análise de todos os recursos semióticos em questão. Daí a inauguração da Semiótica Social da Comunicação Visual, uma visão "multimodal" dos textos e sistemas de significados sociais que busca abarcar o processo comunicacional como um todo - incluindo as complexas inter-relações entre textos e contextos, agentes e objetos de significado, forças e estruturas sociais.
  Nesses termos, os estudos em multimodalidade visam investigar os principais modos de representação em função dos quais um determinado texto é produzido e realizado, bem como compreender o potencial de origem histórica e cultural utilizado para produzir o significado de qualquer modo semiótico.
   

   Com base nos estudos e exemplos apresentados no decorrer do livro, fora proposto uma atividade de estudos da semiótica visual através da publicidade. Escolhemos para análise uma das capas da revista VEJA publicada em 2013.
    A Veja é uma revista brasileira, respeitada pela maioria, polêmica, formadora de opinião, publicada pela Editora Abril. Criada em 1968 pelos jornalistas Roberto Civita e Mino Carta, a revista trata de temas variados de abrangência nacional e global. Entre os temas tratados com frequência estão questões políticas, econômicas, e culturais. 



     Na imagem uma pessoa humana, mulher (o participante como representação está sozinho - individualização), representando o simbolo da justiça, onde podemos concluir esta dedução por estar de olhos vendados (simbolo que representa a imparcialidade), vestimenta branca (representação da pureza, leveza e neutralização), estar em uma das mão com uma espada (simbolo da força de que dispõe para impor o direito) e na outra uma balança (que representa a ponderação dos interesses das partes em litigio). Essas simbologias nas mãos encontram-se amarradas, numa posição de "indefesa", "presa", "sem ter o que fazer", junto a uma estrela vermelha que é a representação, neste caso, do Partido Político do PT (a estrela vermelha é tema deste).
     A capa da revista Veja proposta acima mostra a justiça de mãos atadas diante da manipulação das informações do atual governo, que tem seus principais líderes acusados de envolvimento no escândalo do mensalão.
Uma das primeiras preposições básicas é a de que os significados referentes a distância social estão relacionados com o enquadramento da imagem. A capa apresenta um "Plano Aberto (geral), em que o participante representado é mostrado de corpo inteiro, o que remete a uma interação impessoal e um distanciamento com o espectador (mundos distintos), como se a justiça, mesmo apresentada nessas condições, fosse distante deste.
O ângulo da imagem é de "ângulo frontal", onde o participante representado e o fotografo coincidem entre os planos, ou seja, encontram-se no nível do olhar do espectador, não ha diferenças de poder entre ambos e estimula os leitores a envolverem-se com o fato reportado, mas também não estabelece contato visual com o expectador, tanto porque a representação da justiça é "vendada", quanto pelo posicionamento de sua cabeça, como uma representação de submissão.
O fundo preto demonstra a seriedade do assunto, e os contrastes apresentados pelas letras em cor neutra branca, representando a calma, distancia, frio, e as letras em cor quente como o amarelo, associado ao calor, energia, saliência, podem estar associados ainda aos contrastes "longe/próximo", "leve/pesado", etc. Na escala de temperatura, observa-se esta aplicação de contraste da tonalidade (quente: amarelo / neutro:branco), sugerindo assim certo equilíbrio dinâmico, a partir das quais são enquadrados pontos de tensão e relaxamento na capa. Em se tratando do peso visual da tipografia empregada, o uso do branco parece, em termos positivos, transmitir a sensação de equilíbrio ou neutralização entre a cor e o que esta escrito.
Em conclusão, apesar do assunto ser polêmico e de denuncia, a impressão que temos é que a revista tenta causar um grande impacto com a imagem, mas tenta manter um certo contraste (amenizar/neutralizar) através das cores ao abordar o assunto no texto apresentado.





Nenhum comentário:

Postar um comentário